quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Dias de Inverno

Dias de Inverno

Ao cair da folha
pingos de chuva saltitam
em dias invernosos    frios    tristes
Carros deslizam por tempestades
sobre lamas em estradas esburacadas

Choques se verificam
Discussões
poluem o meio ambiente
já de si poluído
O amanhecer de uma cidade
triste    fria    invernosa

Agasalhados passeiam de carro
de autocarro e a pé
o gelo sente-se nos ossos
de quem passa e corre
para compromissos
donde depende uma certa
independência
um certo conforto
um certo sorriso

Mas impávido  sereno
lá vai o ciclista da minha rua

Pedalada aqui pedalada ali
indiferente às bichas
de carros e autocarros
indiferente ao frio e à chuva
indiferente a todos
Para ele a Primavera
dura todo o ano.

Pedro Valdoy

O Pardalito

O Pardalito

O pardalito
acordou ao nascer do Sol
com o canto das nuvens
num simples ramo
de uma árvore frondosa

Saltitava de alegria
de ramo em ramo
de árvore em árvore
a felicidade sentia-se

A brandura dos costumes
faziam-no voar
O pardalito sorria
em busca de comer

Ia ao milharal
e deliciava-se
com as sementinhas
num gozo infantil

Mas...
um tiro furtivo
acabou o seu piar alegre

Uma criança
debruçou-se sobre ele
e chorou chorou.

Pedro Valdoy

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Por Terras

Por Terras

Nas terras do demo
a ferocidade é tamanha
na aguarela do arco Íris
contra a árvore centenária

Os deuses de madeira
desdenham o lúcifer
por caminhos paralelos
na travessura do século

Mas a criança ingénua
no sossego do lar
nas travessuras da idade
desconhece o diabo

Mas a ingenuidade   o sossego
volta às terras na verdura
no florir da Primavera
com os beijos das abelhas.

Pedro Valdoy

Chega Cansei

Chega Cansei

A aurora dançava com as estrelas
No Universo do amor
Num cansaço esquecido
Sem a tua presença

Meu amor terno fervoroso
Palpitava em meu coração
Mas o silêncio continuava
Quando cheguei para o esquecimento…

Pedro Valdoy

Brisas

Brisas

São brisas de vento
ao sabor de um amor
aquecido pelas areias
do mar irrequieto

São folhas soltas
no alerta ventoso
por ruas esquecidas
na serenidade do meu ser

O vento é cruel
no derrube de instituições
quebradas pela tradição
em tempos de verão.

São tempestades
agoirentas e sequiosas
no derrube de árvores
pelos tempos fora.

Pedro Valdoy

Passeio do Poeta

Passeio do Poeta

Perante a neblina
do passado
vagueava o poeta
coberto de sorrisos

No tapete dourado
sentia-se o seu poder
O canto dos rouxinóis
inebriava-o

O Sol
com seus raios
cintilantes
enaltecia o seu poder

O poder do poeta
de gritar ao mundo
as injustiças terrenas
e então chorava

Coberto pela irmandade
sentia a alegria
das crianças no pátio
e então sorria

Nos campos de guerra
seus gritos cobriam-se
de vergonha
e então sentia-se a morrer

Quando passeava
pelas terras fertéis
via o trabalho do agricultor
e então rejubilava

O sofrimento era atroz
perante chacinas
perdidas no pecado
O desespero rodeava-o

Caía em prantos
pela morte
de uma criança inocente
num sofrimento perdido no tempo

Porquê Senhor
tantas atrocidades
perguntava o poeta
perdido no lamaçal.

Pedro Valdoy

Esplendor

Esplendor

No esplendor do céu
liquefaz-se a deusa do amor
por caminhos com farrapos
de algodão

É a tua serenidade
convalescente
na margem de soalhos
no calor do dia

São seios invasores
de um poder
na transparência do ser
por caminhos de rosas

Na brancura do tempo
sofrem as sílfides
no rastro de um namoro
demasiado real

Na graciosidade do teu seio
fulguram anémonas
num transpor azulado
pela frieza de um corpo.

Pedro Valdoy

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Saudade

Saudade

A saudade é um lago
cheio de jasmins
no encanto
de um universo infinito

É o sabor
de uma despedida
na incongruência
dos tempos

Saudade é uma criança
perdida
na ingenuidade
de uns pais

São pétalas que caem
ao sabor dos ventos
como lágrimas
sem fim.

Pedro Valdoy

domingo, 24 de novembro de 2013

A Democracia

A Democracia

Vivó o dito
o tal da liberdade
nas ruas pão de gesso
na Assembleia pão de ló

A tranquilidade é mansa
para os governantes
é azeda para o Zé povinho
de bolsos vazios  roubados

Carruagens novas
sim senhor
para a penúria real
na podridão da sujeira.

Vigília escondida
na porcaria das ruas
no silêncio da noite
no interior de uma loja.

Pedro Valdoy

É Assim

É Assim

É assim que as flores
dançam no ar
num beijo perene
de todos os insectos

É assim que as crianças
saltam riem
no meio da floresta
a perpetuar uma geração

São flocos de ingenuidade
num frenesim contínuo
de duas nuvens
levadas pelo vento

É assim que a serenidade
no desgaste da velhice
transporta o passado
com um manto de rosas

É o abrir das pétalas
das meninas brincalhonas
sem olharem pelos tempos
como um rio a escoar para o mar.

Pedro Valdoy

Lareira

Lareira

Ao som da lareira
meus pensamentos voavam
por sítios longínquos
levados por uma nuvem

A paisagem saltitava
ao sabor do vento
por entre vales e montanhas
na maravilha da natureza

O voo era sereno
por entre farrapos de neve
numa confusão
coberta de beleza

O rio lá longe
espreguiçava-se
por entre as margens
na indiferença do passado

A águia lá bem no alto
desfrutava daquelas delícias
à procura da sua presa
no alto do sopé

As garras da abundância
cheiravam a paz
e lá em baixo os homens
trabalhavam na lavoura

Uma criança
na sua ingenuidade
acenou com alegria
enquanto chapinhava no rio

Quando despertei
a lareira estava apagada
e um arrepio de frio
estremeceu meu corpo.

Pedro Valdoy

Pelo Vale

Pelo Vale

No vale da esperança
ando perdido
como uma pétala
levada pelo vento

São sombras do deserto
que esvaziam meu pensamento
de um amor esquecido
pelos ventos da esperança

Estou só muito só
na velocidade do tempo
à espera de um amor renovado
numa tarde sôfrega

Mas os anos
queimam os tempos
de um desejo renovado
por entre a maré do amor

A solidão faz estremecer meu corpo
neste canto escuro
de uma humanidade perdida
com a luz do conhecimento...

Pedro Valdoy

sábado, 23 de novembro de 2013

Caminhos de Um Rio

Caminhos de Um Rio 

O  rio sussurra
através de pedras
em areias brancas ou pretas
perante a  eternidade
de árvores indiferentes
de plantas quase mortas
numa corrida inesgotável

O rio ruma para Leste
Em ciprestes indecisos
indiferente a seres famintos
sequiosos    sem forças
para chegarem à sua beira

O rio continua veloz
por ravinas ondulantes
em altas velocidades
solitárias
do Céu    ao Sol
sem destino aparente
até que esbarra
sobre ondas e ondas
que o destroem
com toda a indiferença

Aí   um grito ressoa
até à nascente.

Pedro Valdoy


Lá Vai a Nau

Lá Vai a Nau

Lá vai a nau por ventos
de mares e mares
com homens de ferro
destemidos sedentos

Novas terras em demanda
por caminhos desconhecidos
à procura do Prestes João das Índias
sem receios de algum mostrengo

Navegam entre tempestades
em incógnitas terras
desbravam mares por entre
ondas gigantes terríficas

Portugal é o lema da bravura
de costas e contra costas
por águas salgadas
o céu e água enfrentam

Por séculos e séculos
trespassam o vão das intempéries
em prol de um esquecimento
Só relembrado por Camões.

Pedro Valdoy

Um Quadro

Um Quadro

Diante de um quadro
revejo meu passado
naquelas colinas
da minha infância

A sua beleza rara
a sua perfeição
emociona meu espírito
quando era criança

Tantos anos se passaram
meu Deus
só recordados
através daquela pintura

Todos os visitantes
passavam naquela galeria
com certa indiferença
enquanto eu ali ficava

Como se fosse
o baú das minhas recordações
minhas lágrimas caíam
de emoção daquele tempo

Hoje sou um estranho
quando minha mãe
ali via
com minhas brincadeiras

Hoje
voltei àquele tempo
com meus pais vivos
e a perfeição daquele quadro

Despertei
quando avisaram
que a galeria ia fechar
voltei à rua como um vagabundo.

Pedro Valdoy

Minha Paixão

Minha Paixão

Minha Paixão
reflecte-se no espelho
coberta de sensualidade
com teus beijos de mel

Teus olhos belos
recheados de ternura
perdidos de prazer
estremecem meu coração

É uma paixão bela
para a eternidade do belo
sinto teu corpo luzidio
na fragrância do tempo

Nossos desejos
são comuns inéditos
como o beijo de uma flor
no quarto de uma união.

Pedro Valdoy  

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

O Amor Aconteceu

O Amor Aconteceu

Na charrete da magia
dois pombos conduziam
por entre as estrelas
o meu amor

Uma autêntica princesa
que faz estremecer
minha alma indecisa
para o delírio do amor

Nossos corpos
se uniram sensualmente
na praia da fantasia
ao correr das horas

As ondas beijavam nossos pés
em espaços etéreos
para a grandeza da vida
a eternizar nossos corações

O Sol escorria seus raios
pelos seus seios deleituosos
na doçura do Oceano
transposto para a fantasia

Lembras-te do primeiro beijo?
adormecida estavas
na torre de marfim
e teu sorriso surgiu

Entoaram as trombetas
para um amor ressuscitado
no paraíso fascinante
da tua formosura

O amor
no delírio do prazer
na cama do teu quarto
aconteceu entre dois amantes.

Pedro Valdoy

O Solitário

O Solitário

Na solidão coberta de névoa
o silêncio dourado escuta-se
por entre as paredes
do meu quarto recheado de poemas

Os solitários reúnem-se
na solidão silenciosa
e todos cavalgamos
atravessando o tempo perdido

São momentos de angústia
que arrastam meus pés
à espera de um poema
talvez para o esquecimento

Mas a inspiração
surge no milagre nebuloso
ponho a nona de Beethoven
e a solidão voa para o infinito.

Pedro Valdoy

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Melodia Atonal

Melodia Atonal

Arnold em fiúza
Schonberg atonal
na melodia dos tempos

Um violino desgarrado
na montanha dos sons
em noite transfigurada

Arritmia da sinfonia
numa sala coberta
por aplausos para a eternidade

Um dó desfigurado
na melodia do amanhã
pelo universo sombrio.

Pedro Valdoy

Revejo o Sonho

Revejo o Sonho

Sonhei
que entrei em teu quarto
e vi no espelho
o teu rosto estampado

Parecias um anjo
de outras terras
cobertas de flores
os pardalitos dançavam

Sorrias de felicidade
imaginavas o arco-íris
que dançava uma valsa
o Danúbio Azul

O teu quarto
cobriu-se de uma auréola
esfumada
e o teu sorriso infantil

Sonhava por tempos passados
quando éramos crianças
e brincávamos na areia
da praia bafejada pelas ondas

Teu sorriso espirituoso
e ingénuo coberto
de ternura
daqueles velhos tempos

Lembras-te do nosso lago
onde os cisnes dançavam
e o teu rosto espelhava-se
na água coberta de paz?

Agora
continuo a olhar para o espelho
teu rosto coberto de felicidade
por me veres?
não sei...

Pedro Valdoy